nota de falecimento


Dos falecimentos mais exorbitantes, o de tua alma foi o de maior comoção. Desgasta e surrada dentro de um corpo tão jovem simplesmente não detinha do direito de ir-se tão cedo; ora eu não ter a devida moral para tratar do assunto partir, mas ainda assim a questiono. Talvez realmente detivesse do direito de ir, já que ninguém possa obter o direito de impedi-la - quem serei eu para impedi-la? A dor do parto é agonizante e, agora, nada libertadora. Creio não ser merecedora de tal dor já que, em alguma circunstância de minha trajetória deixei que a mesma fosse sem ao menos perceber sua partida, que direito terei de chorar pela mesma? Nunca dado o aval para aflorar e se redigir diante a vida, sempre escondida e obsoleta; triste morte arrebatadora, não houve quem a percebera e ainda menos quem a chorasse - não houve quem a conhecesse, sempre ermo mas nunca só. Pior agora que restou um corpo a vagar pela noite entre taças e tragos, sentindo o constante gosto da realidade já que agora não há mais escapatória, não há refúgio; há apenas um corpo oco à espera de sua falência total - de que servem os corpos ocos? Ocos corpos fazem a noite, sempre desgasta, sempre repleta de cansaço e agonia; todos num eterno labirinto sem fim atrás de algo que não se sabe; há um caos constante em minha mente, uma guerra perturbadora que não me permite ir e ainda menos ficar; prende e agoniza, fere à todos em minha volta - faz sofrer aquele que se aproxima - morre e faz morrer. És estúpida ao ponto de não ser capaz de obter a mínima decência ao escolher de palavras - és incapaz de escolhe-las, não há explicações nem faz com que a tenhas; é tudo um grande absurdo, um limbo inconstante que segue por um túnel que luz já não possui. Como um beco sem saída isto se tornou; ora eu, oco corpo, oca mente - tornei ao falecimento da desfalecida, aquela que se foi sem ir e que agora já não se sabe mais. Está tudo bem agora, como dito anteriormente, um dia os pinceis hei de perder a cor assim como a dança o seu compasso e o verso sua poesia, o trem sairá dos trilhos e o caminho se apagará e, a partir daí, tu nada mais serás capaz de fazer - é assim que deve ser .

seja nós


Retilíneas linhas do teu corpo, corpo o qual pertence ao meu; continuação de uma obra prima, o bem e o mal unidos numa dança que encanta os deuses - bendito seja o teu dom de fazer-me sua. E que vá para outra órbita ao simples toque do teu olhar junto ao meu, ao mero olhar do teu toque em minha pele com tuas mãos tão bruscas e graciosas que passeiam por todo meu corpo fazendo de cada toque terna poesia. - Poesia que é a profundidade de teus olhos verdes, estes mesmos olhos verdes que possuem a confirmação, a resposta, a chave, o alívio momentâneo; todo o amor do mundo, ora perco-me ao navegar em tuas profundezas, vejo a tua loucura de perto ao te despir - despe-me tu e vês também o meu ser, descobre-se tudo o que há - vê o que habita e muito mais - torno-me pertencente à ti e torna-te pertencente à mim, juntos nos tornamos um único ser. Sinônimo de harmonia é quando tu estais em mim e eu em ti, seja o balanço de meus quadris que te seduzem como uma cigana, seja tua entrega e complexidade, seja nós.

corrosão de um miocárdio


A corrosão de meu miocárdio outrora me trouxera aqui, pois bem, cá estou novamente numa aflição incontestável diante de meu nariz. Há um caos cantado que já virou um mantra em mente; sabe-se lá qual o motivo. A todo caso, é como não encostar os pés no chão sabendo-se que, agora, os mesmos estão fincados onde pisam como nunca estiveram antes; vive-se num limbo nostálgico e traiçoeiro que sempre procura formas de trazer-se à tona com velhas histórias re-contadas fazendo-as parecerem novos pesadelos, pesadelos os quais devo lhe informar que não me assustam mais pois não passam de imagens de um passado constante - o passado não me assusta e a constância trata-se de mera consequência de atitudes pueris.
O drama não me convém - nunca conveio. Mas ora pois, querida luce sumira de meu coração! Enche-me de lágrimas os olhos e apouca-se o coração ao vê-la tão espavorida no fundinho de minha alma, como um ser extremamente assustado, apenas demonstrando meros resquícios de vida, completamente incapaz de retomar o espaço de sua morada - permitindo-se ir, sendo cada dia mais pó e menos luce.
Luce.
Sei que achastes-me louca por dar nome, criar um alguém para assumir minha vida, mas veja bem: não culpe esse doce ser, este é apenas um grito desesperado de um alguém que já não detinha mais em mente sanidade para encarar a vida e ainda menos coragem para enfrentá-la, um alguém que não sabia ser si. Ora luce, doce luce. Luce que traz luz, traz vida! Com luce fiz de minha loucura um dom, uma arte; a mais sutil expressão de sentimentos inoportunos de um alguém que não os pode expressar; fiz verso e prosa, fiz conversa de botequim, fiz a filosofia de uma vida e o afagar de um coração.
Sinto-te morrer em mim e, junto a ti, a minha poesia e todo o meu ser enquanto algo de maiores forças toma-me conta, - algo que faz de mim infeliz, todo o peso de uma vida desalinhada nas costas cansadas que outrora levara chibatadas de sentimentos mal-digeridos e agora carrega todo o peso do mundo. Por linhas tortas fez seguir-se à vida desde seu primórdio, talvez seja este o preço à pagar.

Para minha querida luce.

p e r m i t a - m e


Descobrir-se ao desvendar-se olhos tão atentos e oblíquos; tomados de uma opacidade inquietante mas, que ainda sim, são capazes de ofuscar todo e quaisquer mal existente. Olhos que trazem consigo verdades inócuas - verdades as quais são capazes de trazer paz à babilônia.

Ora, eu, fosse capaz de desvendar tais olhos. Deixar florar, permitir perceber-se a dor. Fazer de ti tela em branco, pronta para se tornar um novo ser mas, quem serei eu? Perdi-me em meio à multidão, perdi-me na obscuridade de tais sentimentos e, oh céus! Perdi-me dentro daqueles malditos olhos!

Terias tu a audácia de possuir tais olhos? Terias tu a audácia de invadir? Tu que és capaz de invadir corações, dominar pensamentos, curar dores, abraçar almas; por que não vens lançar teu olhar sobre mim? Lança-te teu olhar, deixe-me, traga-me; permita-me perder-me novamente em teu olhar, deixe que o mar de tais olhos me arraste, faça de mim um bravo navegador à desbravar as profundezas do teu ser. Permita-me. Complete-me.

melodia dos mortos

Olá, como vai você? Espero que realmente bem. Bem, agora estou realmente declaradamente em férias; se estou feliz? Mais impossível, eu realmente estou extremamente cansada de minha rotina, é algo realmente exaustivo; nestes últimos tempos ando afundada dentro de uma infelicidade absurda, não há nada que realmente seja capaz de satisfazer-me. Okay. Eu admito, isto soou um tanto dramático, mas é que eu realmente não sei o que pensar ou fazer quando a leitura ou a música já não é mais capaz de preencher meu vazio. É sim um tanto deprimente não ter a capacidade de expelir de minha alma toda a arte que nela habita, toda a poesia que fizera de mim viva; mas tudo bem, acontece, certo?

Cá torno eu, mostrar-lhes uma parte de mim pouco conhecida, a parte erudita. Quando me faltam palavras, creio que a única coisa capaz de traduzir o que sinto é a música - as mais lindas poesias ditas em singelas notas em tal harmonia inexplicável. Através de tais melodias, espero poder transmitir-lhes paz e liberdade mas, também minhas angústias que são libertas a cada nota tocada.

para onde fui?

Olá, como você está? Espero que o melhor que possa. Bom, agora que finalmente estou de férias, passei todo o meu final de semana na blogosfera - foi algo realmente nostálgico, pude matar por completo toda a minha saudade desse (infinito particular) mundo. Estou me sentindo mais em casa do que nunca! Já perceberam o quão aconchegante este lugar pode ser? É simplesmente amável ♡
Toda essa viajada por este mundinho, me fez lembrar de quando cheguei aqui - há cerca de 8 anos atrás (para ser bem sincera, não me recordo exatamente há quanto tempo estou aqui); como a blogosfera mudou, não é mesmo? Às vezes me sinto um tanto antiquada em meio à tantos blogs mais jovens uhauah Acontece, né.

Mas bem, isso me fez refletir também sobre minha vida. Ando me sentindo tão vazia, meus versos já não têm mais coerência, me perdi em algum lugar o qual desconheço o endereço. Aliás, eu mesma já não disponho mais de um endereço, quem dirá um nome. Serei eu, ainda luce? luce. Um ser tão tristemente doce, um alguém vulnerável enquanto é forte.
Creio ter havido uma perca de identidade pelo caminho. Já não me cabe mais ser azul, preto ou vermelho; luce. Toda a doçura fora perdida sem ao menos perceber-se; a liberdade fora perdida certa vez; quem serei eu agora?

Bem, não irei lhes negar que daria tudo para um visto e uma passagem só de ida. Pouco me interessa lugar, aliás, meu único interesse aqui é a ressurreição, caso a mesma seja possível. Meus pinceis perderam a cor, minha dança perdeu o compasso, meu verso perdeu a poesia. Só restou o vácuo.

O infinito do teu olhar


Teus olhos verdes que me inspiram à compor lindas poesias que transbordam amorrr, hei de ser os mesmos que desejo admirar pelo resto de minhas vidas, a atual e as futuras, sem jamais desejar outros. Os mesmos olhos verdes que me encantam a cada manhã e que me fazem crer que a vida é muito além; pois são esses teus sedutores olhos verdes que me fazem insana e que me ferem, como nem um outro é capaz de fazer.