A corrosão de meu miocárdio outrora me trouxera aqui, pois bem, cá estou novamente numa aflição incontestável diante de meu nariz. Há um caos cantado que já virou um mantra em mente; sabe-se lá qual o motivo. A todo caso, é como não encostar os pés no chão sabendo-se que, agora, os mesmos estão fincados onde pisam como nunca estiveram antes; vive-se num limbo nostálgico e traiçoeiro que sempre procura formas de trazer-se à tona com velhas histórias re-contadas fazendo-as parecerem novos pesadelos, pesadelos os quais devo lhe informar que não me assustam mais pois não passam de imagens de um passado constante - o passado não me assusta e a constância trata-se de mera consequência de atitudes pueris.
O drama não me convém - nunca conveio. Mas ora pois, querida luce sumira de meu coração! Enche-me de lágrimas os olhos e apouca-se o coração ao vê-la tão espavorida no fundinho de minha alma, como um ser extremamente assustado, apenas demonstrando meros resquícios de vida, completamente incapaz de retomar o espaço de sua morada - permitindo-se ir, sendo cada dia mais pó e menos luce.
Luce.
Sei que achastes-me louca por dar nome, criar um alguém para assumir minha vida, mas veja bem: não culpe esse doce ser, este é apenas um grito desesperado de um alguém que já não detinha mais em mente sanidade para encarar a vida e ainda menos coragem para enfrentá-la, um alguém que não sabia ser si. Ora luce, doce luce. Luce que traz luz, traz vida! Com luce fiz de minha loucura um dom, uma arte; a mais sutil expressão de sentimentos inoportunos de um alguém que não os pode expressar; fiz verso e prosa, fiz conversa de botequim, fiz a filosofia de uma vida e o afagar de um coração.
Sinto-te morrer em mim e, junto a ti, a minha poesia e todo o meu ser enquanto algo de maiores forças toma-me conta, - algo que faz de mim infeliz, todo o peso de uma vida desalinhada nas costas cansadas que outrora levara chibatadas de sentimentos mal-digeridos e agora carrega todo o peso do mundo. Por linhas tortas fez seguir-se à vida desde seu primórdio, talvez seja este o preço à pagar.
Para minha querida luce.
Querida Luce,
ResponderExcluirSei que passas momentos de trevas onde nada enxerga e milhões de vozes ouve. Em vez de respondê-las grite mais alto, tampouco ignore! Grite mesmo, esbraveje, emane violência se for preciso. As vezes tudo o que precisamos seja que o ardor no peito seja esvaído de alguma forma. Quando simplesmente respirar não mais ajuda, libere o fôlego de forma gradativa até que todas as angústias estejam sufocadas e mortas...
Deixem que pense que já não é mais sã, e de quê importa agora? Se para curar a alma seja preciso adoecer o corpo então que o faça. Para corpo existem remédios, enquanto que para alma só existe desespero.
Luce, estou encantada (como sempre) ♡
ResponderExcluirÀs vezes me sinto assim... Eu lembro de como eu era antes, lá em meados dos 15 anos e me bate uma falta tão grande. Às vezes penso que a verdadeira Isadora está lá, que ela estagnou no passado e por isso me vem uma crise existencial tão forte que eu fico sem ter o que fazer.
Tento me enganar pensando que apenas "mudei", mas bem a verdade eu sei que a "Isadora" está "espavorida no fundinho de minha alma, como um ser extremamente assustado, apenas demonstrando meros resquícios de vida, completamente incapaz de retomar o espaço de sua morada".
Eu acho nobre o que você faz e admiro a sua coragem — abrir-se de uma maneira tão linda aqui no blog, expor seus sentimentos...
Fique bem, tá?